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Robô vai recolher informações sobre o estado da mina da Urgeiriça

Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistema, Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) vão testar na próxima semana um robô “inovador” que vai “recolher informações de mapeamento e do estado” da antiga mina de urânio da Urgeiriça, em Viseu.

Em entrevista à agência Lusa, Alfredo Martins, investigador do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do INESC TEC, no Porto, explicou hoje que o “robô autónomo” foi desenvolvido no âmbito do projeto europeu UNEXMIN, uma iniciativa financiada pela União Europeia.

O projeto, iniciado em fevereiro de 2016, reúne 12 instituições de sete países europeus e visa o desenvolvimento de três robôs autónomos que, com “sensores de mineralogia” incorporados e 60 centímetros de diâmetro, vão explorar minas subterrâneas inundadas.

“A Europa tem uma dependência muito grande de recursos minerais, no entanto, há cerca de 30 mil minas fechadas, algumas até abandonadas, e muitas delas têm recursos que podem vir a ser úteis”, apontou Alfredo Martins, também docente no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).

Segundo o investigador, é “pouca a informação” sobre este tipo de minas e o conhecimento é “insuficiente”, na medida em que não existem mapas atualizados e não se sabe em que estado se encontram as minas.

“O objetivo passa por fazer um mapa para saber o estado em que se encontram e tentar ter alguma informação sobre o minério que existe nas paredes e no solo. Também pretendemos saber o estado da situação física, na medida em que as minas têm de ser mantidas estáveis porque se abaterem podem causar problemas à superfície. Não esquecendo sempre o interesse em preservá-las”, apontou.

No âmbito do projeto já foram desenvolvidos dois dos “robôs UX-1” que realizaram testes na mina de Kaatiala, na Finlândia, e na mina de mercúrio de Idrija, na Eslovénia.

O terceiro teste deste “robô de exploração” vai realizar-se no dia 04 de abril, na antiga mina de urânio da Urgeiriça, em Nelas, no distrito de Viseu, uma missão que, segundo Alfredo Martins, é “muito interessante” tendo em conta as características que diferem esta mina das “mais de cem que existem em Portugal”.

“É uma mina interessante porque, além dos 600 metros de profundidade, tem características diferentes como a água, que é razoavelmente límpida e que vai permitir testar o sistema de ‘lasers’, as câmaras e a filmagem. A Urgeiriça tem muitas galerias, aliás, a cada 20 metros de profundidade há uma galeria, por isso é uma mina de grande dimensão. Além de que é uma mina de urânio, o que vai possibilitar testar os sensores de medição de radioatividade”, esclareceu.

De acordo com Alfredo Martins, em maio o robô vai ainda ser testado na mina de Ecton, em Manchester, na Inglaterra, que se encontra abandonada desde a Revolução Industrial e que, atualmente, é considerada “monumento nacional”.

“Neste teste, o robô vai mostrar aquilo que já não se vê há mais de 160 anos. Mais importante do que encontrar minerais, porque o conteúdo que lá existe não pode ser explorado, é o aspeto arqueológico, cultural e histórico”, frisou.

À Lusa, o investigador salientou que o consórcio, que termina este ano, já “constituiu uma companhia responsável por prestar serviços com os três robôs” a diferentes clientes, desde empresas a centros de investigação, acrescentando que existe “um conjunto de propostas para prosseguir o trabalho de investigação”.

 

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