A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse em Mangualde ser essencial que a lei garanta que a crise provocada pela pandemia de Covid-19 não sirva de “desculpa para impor piores horários e piores turnos aos trabalhadores” e mostrou-se ainda preocupada com os cuidados continuados e lares de idosos.
Segundo Catarina Martins, no próximo dia 8, será debatida no Parlamento “a proposta para proteger os trabalhadores por turnos em Portugal”, que considera “essencial para garantir que a crise não abre a porta a mais abusos”.
“Precisamos de garantir que quem trabalha por turnos em Portugal tem direito a descanso, tem proteção na saúde e tem acesso à reforma” disse aos jornalistas, em Mangualde, no final de um encontro com trabalhadores do Centro de Produção da PSA.
No seu entender, para garantir que “esta crise não é um pretexto para que se trabalhe em piores condições em Portugal e para preservar a saúde é fundamental que o Parlamento, na próxima semana, dê esse passo para uma nova lei que proteja os trabalhadores por turnos”.
Catarina Martins lembrou que, em Portugal, existem 750 mil trabalhadores por turnos, entre os quais os da PSA.
Temos uma realidade que é a de sempre e uma realidade que é nova”, frisou.
“A coordenadora do BE referiu que há muito se sabe que os trabalhadores por turnos “têm problemas de saúde acrescidos e têm problemas muito grandes de conciliação com a sua vida familiar”.
“O BE vem há muito tempo a lutar para mudar a lei do trabalho por turnos, para garantir o direito ao descanso, aumentar os intervalos entre os turnos, aumentar os dias de férias e os trabalhadores poderem aceder mais cedo à reforma”, lembrou.
No entanto, acrescentou, “há uma condição nova, face à crise que se vive em Portugal: a pressão para os trabalhadores aceitarem condições de turnos e de salários que os prejudicam muito está a aumentar”.
“Quando há uma situação de maior desemprego, de maior vulnerabilidade económica, aumenta muito a chantagem das empresas para com os trabalhadores”, lamentou.
De acordo com Catarina Martins, no caso da PSA, “há condições particulares no acordo de empresa que está a ser negociado” e que necessita de “um olhar atento do Governo” no que respeita a casos de trabalhadores que, “muitas vezes, acabam por ser forçados pela empresa a reformarem-se mais cedo do que a idade legal da reforma”.
“Aceitam esses acordos, porque, na verdade, a sua saúde não aguenta que continuem a trabalhar”, afirmou, considerando que “é impossível trabalharem por turnos até para lá dos 66 anos de idade”.
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