A criação de assembleias de mulheres em aldeias de São Pedro do Sul, durante as quais serão diagnosticados problemas e encontradas soluções, é uma das atividades previstas num projeto social.
Desenvolvido pela Associação Fragas Aveloso, o projeto “Giesta – Mulheres e Raparigas do Interior e do Meio Rural” tem como um dos seus objetivos desenvolver capacidades de organização social.
“Quando nos unimos, conseguimos respostas mais válidas”, afirmou Cristina Bandeira, uma das responsáveis pelo projeto, acrescentando que o problema identificado numa aldeia pode até ser o mesmo de outra aldeia vizinha.
Cristina Bandeira lembrou que “a vida de muitas mulheres é marcada, ainda hoje, pela região de origem”, dando o exemplo do isolamento territorial sentido numa aldeia que tem apenas 12 ou 13 pessoas e que fica muito longe dos locais onde se podem comprar os bens necessários.
Por outro lado, há que ter “consciência dos desafios que as mulheres enfrentam” no que respeita às desigualdades salariais, porque muitas das mulheres do meio rural desenvolvem “tarefas de cuidado e de agricultura”, não se podendo sequer falar num salário, acrescentou.
Neste contexto, o projeto considera fundamental “desenvolver competências, de forma criativa, que valorizem mulheres e raparigas, procurando outros percursos de vida, livres de estereótipos”.
Pretende-se, assim, “combater a exclusão social e a invisibilidade, tendo como base novas atividades ligadas ao ambiente e ao turismo de aldeia, introduzindo outras perspetivas do seu papel na comunidade”, acrescentou.
Outro projeto social destinado às mulheres que está a ser desenvolvido no concelho de São Pedro do Sul chama-se “Romper Violências Silenciadas” e tem como objetivo sensibilizar a comunidade local para este flagelo.
É também sua intenção “diagnosticar e intervir em situações de violência, através do atendimento e acompanhamento das vítimas”, explicou a coordenadora do projeto, Liliana Marques.
Promovido pela autarquia e pela UMAR — União de Mulheres Alternativa e Resposta, o projeto tem técnicas que garantem o acompanhamento multidisciplinar das mulheres em termos psicológicos, sociais e jurídicos.
A secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, esteve presente na sessão de apresentação e frisou a importância de haver nos territórios organizações que “assumem a componente técnica dos projetos”.
“Não basta ser empático e ter alguma sensibilidade. É preciso saber, ter os meios técnicos e a robustez técnico-científica para uma intervenção adequada”, frisou.
Rosa Monteiro destacou a caráter inovador destes projetos de São Pedro do Sul, por estarem focados em mulheres que vivem no meio rural e nos territórios do interior do país.
O presidente da Câmara, Vítor Figueiredo, disse que foram investidos 124 mil euros nestes projetos (70 mil euros no primeiro e 54 mil euros no segundo), sublinhando a importância que tem para o desenvolvimento do concelho “trabalhar com as áreas mais desfavorecidas e com as mulheres”.
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