A Mata do Fontelo de Viseu acolhe, a partir de sábado, cinco novas esculturas, que se juntam a três já existentes, no âmbito de um projeto que visa dotar a cidade de uma coleção escultórica a céu aberto.
O Poldra Public Sculpture Project Viseu, que vai na sua segunda edição, conta este ano com trabalhos de Miguel Palma (Portugal), Elisa Balmaceda (Chile), Steven Barich (Estados Unidos da América), Natália Bezerra e Kaitlin Ferguson (Estados Unidos da América/Escócia) e Liliana Velho (Portugal).
“A primeira edição ainda tem cá as três esculturas. Essas obras vão continuar no parque e vão cruzar-se com estas cinco que estamos a instalar, ou seja, vamos ficar com um percurso com oito obras”, disse aos jornalistas o diretor artístico do Poldra, João Dias, durante uma visita ao local.
O vereador da Cultura, Jorge Sobrado, frisou que o Poldra acontece mesmo depois de o parque arbóreo da mata do Fontelo ter sido afetado pelas tempestades Leslie (em outubro) e Helena (em fevereiro) e apesar de decorrerem trabalhos de inventário, de diagnóstico do estado de conservação e de limpeza das árvores, em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Quercus.
“Não é o facto de esses trabalhos estarem em curso que impediram que o Poldra aqui cumprisse aquilo que é a sua missão”, frisou.
Segundo Jorge Sobrado, o Poldra surgiu sobretudo por dois motivos: “Preencher uma lacuna que Viseu evidenciava ligada à criação contemporânea na área da escultura pública e da instalação” e para “valorizar artisticamente aquele que é um dos grandes patrimónios da cidade, que é a mata do Fontelo”.
O projeto pretende também incentivar “a relação entre a comunidade artística local e a comunidade artística internacional”, acrescentou.
Durante a visita, foi possível ver o início da instalação de algumas das obras, como a de Miguel Palma, que levou para a Mata do Fontelo uma boia do estuário do Tejo que tinha há 20 anos no seu jardim, onde foi ganhando “uma espécie de geografia”.
O artista explicou aos jornalistas que o objetivo foi transformar a boia num planeta: “Acredito que neste parque vai continuar a ser uma vítima, no sentido em que as águas e as ferrugens vão continuar a atacar o continente”.
Inspirado em imagens de pedras, Steven Barich criará uma escultura de dois metros por dois com superfícies planas, nas quais as pessoas poderão deixar mensagens ou apenas o seu nome.
“É um convite para as pessoas virem deixar a sua marca na peça”, explicou.
Elisa Balmaceda está a construir uma estrutura que permitirá observar o sol e o céu e como a luz reflete num espelho, enquanto a viseense Liliana Velho apresenta uma escultura em cerâmica, com uma espécie de bolsos nos quais as pessoas poderão colocar sementes ou flores e verem como mudam ao longo dos tempos.
Já a instalação de Natália Bezerra e Kaitlin Ferguson permitirá explorar os sons dos materiais locais, como as pedras, criando assim uma conexão com a natureza.
João Dias explicou que as esculturas desta edição “não têm de ser interativas”, mas têm de permitir algo mais do que olhar, interagindo de alguma forma com o público.
O Poldra Public Sculpture Project Viseu conta com 50 mil euros de financiamento do município.
Cristina Ataíde (portuguesa, de Viseu), Pedro Pires (angolano) e Neeraj Bhatia (canadiano) foram os artistas responsáveis pelas primeiras três instalações do Poldra.
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