Um projeto performativo da dramaturga Joana Craveiro, do Teatro do Vestido, que resulta do cruzamento científico, artístico e poético de várias disciplinas, estreia-se na quarta-feira, no Teatro Viriato, em Viseu.
“Intimidades com a Terra” é o nome do espetáculo que encerrará a primeira edição do Ciclo Urgências, promovido pelo Teatro Viriato e que, desde 12 de maio, tem debatido a questão da emergência climática.
Segundo o Teatro Viriato, “a dramaturga, encenadora e atriz reflete, entre outros temas, sobre os primórdios e o desenvolvimento da antropologia, ciência que estudou e na qual se licenciou nos anos 1990”.
Joana Craveiro partiu de um conjunto de diários de campo pessoais e de outros antropólogos, “da própria ideia de diário de campo, de caderno”, no qual “o antropólogo – observador do chamado ‘outro’ – anota os fragmentos ou os textos extremamente completos daquilo que vive e presencia”, acrescentou.
No espetáculo, é abordado “o pensamento colonial que se manifesta no encontro com o ‘outro’ e a urgente necessidade de um novo e renovado olhar sobre as metodologias, práticas e vivências indígenas”, como forma de epistemologia e transmissão de um conhecimento que “permita navegar a emergência climática, a crise ecológica, e no geral a relação com um planeta de recursos finitos”.
O Teatro Viriato avançou que a dramaturga “explorará diferentes dispositivos dentro do que ela considera ser um vasto potencial da palestra performativa poética”.
Este é um formato que Joana Craveiro tem explorado ao longo dos últimos 12 anos, “criando performances como ‘Um museu vivo de memórias pequenas e esquecidas’, que é hoje uma incontornável obra de referência do teatro contemporâneo português”.
Joana Craveiro estará acompanhada pela banda sonora original de Francisco Madureira, contando com a colaboração criativa de Tânia Guerreiro e Estêvão Antunes, seus cúmplices no Teatro do Vestido.
“Com espaço cénico de Carla Martinez e desenho de luz de Leocádia Silva, Joana Craveiro constrói aqui um trabalho épico de fôlego político e documental, cruzando as ideias de arquivo e o repertório enunciadas por Diana Taylor no seu seminal ‘The Archive and the Repertoire'”, acrescentou o Teatro Viriato.
Lusa
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