O presidente da Câmara de Viseu disse hoje temer que inflação provoque o “agravamento das assimetrias regionais” e como exemplo apontou obras paradas na região em contraste com as que arrancam em Lisboa.
“A não haver uma efetiva equidade na distribuição de dinheiros públicos e investimento, estaremos perante um cenário de novo agravamento das assimetrias regionais”, apontou Fernando Ruas.
E, disse, “é que no interior, tudo fica mais longe, tudo parece mais difícil e tudo é sempre mais caro”, já que “só isso pode justificar o estado a que chegou o IP3 sem se efetivarem as obras prometidas ou a construção de uma autoestrada”.
“Só as dificuldades do interior podem justificar que a Radioterapia ainda não se tenha iniciado. O senhor diretor do Centro Hospitalar em junho passado dava como previsão o início antes do primeiro trimestre deste ano. Estamos a terminar o segundo trimestre”, apontou.
Esta conclusão foi apresentada hoje na sessão ordinária na Assembleia Municipal de Viseu, depois de ter iniciado a sua intervenção a lembrar que tem vindo a dar nota do “novo momento político que o mundo atravessa como consequência da invasão russa à vizinha Ucrânia”.
Isto, porque, além da “consequência previsível nos mercados e na economia”, também tem vindo a fazer referência à “preocupação acrescida pelo avolumar dos custos de empreitadas e pela escassez de materiais que já se vinha a revelar nos últimos meses”.
Fernando Ruas lembrou que isto originou um diploma legal que permite, aos empreiteiros de obras públicas, a revisão de preços excecional e temporária, sempre que os custos de alguns materiais ultrapassarem os 20% em contratos iniciados ou a iniciar até ao final do ano.
Neste sentido, o autarca apontou “notícias de há uns dias” do lançamento de obras na Área Metropolitana de Lisboa (AML) para um “sistema de transporte mais acessível a todos” o que “representa um investimento de cerca de 1,2 mil milhões de euros”.
O autarca indicou ainda notícias sobre “melhorias a implementar” na renovação da frota dos autocarros na AML, o que o fez recordar de “duas notas sobre o Fundo Ambiental” que já tinha apresentado na Assembleia Municipal.
Uma sobre a aquisição de veículos limpos para transporte público, em que as AM de Lisboa e Porto ficaram com uma “dotação de 48 milhões de euros”, e outra sobre um “despacho que transferia cerca de 51 milhões de euros para o reforço extraordinário dos serviços públicos de transporte de passageiros”.
Deste valor, “93,87% desse fundo foi alocado às Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto”.
À Comunidade Intermunicipal (CIM) Dão Lafões coube apenas 0,43% desse Fundo, muito abaixo dos prejuízos estimados”, comparou.
“Estes exemplos apenas servem para que reforce em mim a convicção que este país não poderá ser justo se não se proceder rapidamente a uma regionalização. Não há nenhum país que se desenvolva desta forma tão assimétrica e tão centralista”, considerou.
Fernando Ruas anunciou ainda na Assembleia Municipal que fez “há uns dias uma sugestão ao Governo”, a de “Instalar a Agência para o Desenvolvimento e Coesão, bem como os seus funcionários e famílias, em Viseu”.
“Uma medida com vantagens para todos. Para Lisboa, porque fica com mais espaço disponível para habitação. Para os funcionários e famílias, porque vão beneficiar de uma cidade com uma qualidade de vida ímpar, mas também para a própria AD&C, que vai finalmente ter a oportunidade de ver o seu trabalho no terreno”, defendeu.
Fonte: Lusa
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