As organizações regionais de Aveiro, Coimbra, Guarda e Viseu do PCP exigiram hoje a reabertura urgente da Linha da Beira Alta e lamentaram a “derrapagem de mais de 10 meses” que está prevista nos prazos das obras.
Em comunicado, as estruturas do PCP lembraram que “o troço Pampilhosa-Guarda da Linha da Beira Alta foi encerrado para obras em abril de 2022, com a promessa de reabertura em janeiro de 2023”.
No entanto, “estes prazos não foram cumpridos e notícias apontam para derrapagem de mais de 10 meses, chegando mesmo a apontar para que as obras decorram ainda no ano de 2024”, lamentaram.
Segundo o PCP, “as populações têm na memória o que aconteceu com o troço Covilhã-Guarda da Linha da Beira Baixa, que esteve encerrado durante 12 anos”, uma situação que “não pode voltar a repetir-se”.
O PCP recordou que, antes do início das obras, alertou para o facto de ser “notória uma estratégia de arrastamento no tempo dos investimentos, como nova forma dissimulada de cativações”.
Esta estratégia, “cruzada com a menor capacidade das estruturas públicas de planeamento do transporte ferroviário, não pode ser desligada destes atrasos, com prejuízo dos distritos e do país”, considerou o partido, lembrando que, nos anos 1990, “esta mesma linha foi eletrificada e teve uma intervenção na sinalização sem ser necessário o seu encerramento, aproveitando o período noturno” para não prejudicar o tráfego.
No seu entender, a “degradação do transporte ferroviário é fruto de opções ideológicas com vista à privatização, tal como aconteceu na área de transporte de mercadorias”.
“É necessário combater a degradação do serviço ferroviário, bem patente na realidade que todos conhecemos desde há anos na Linha da Beira Alta. Basta verificar que o troço da Guarda a Vilar Formoso foi urgentemente requalificado para servir os interesses privados de mercadorias, esquecendo-se as populações locais”.
Na opinião do PCP, “a melhoria de serviço ferroviário de passageiros deveria ser iniciada, desde já, no troço Guarda–Vilar Formoso com horários compatíveis com as necessidades dos trabalhadores e população”.
“O desenvolvimento do país não pode estar condicionado às estratégias de engenharia financeira dos modelos das PPP (Parcerias Público-Privadas) e do modelo que fundiu as empresas públicas REFER e Estradas de Portugal nas Infraestruturas de Portugal”, frisou.
O PCP considerou ainda que “continua a faltar uma articulação no eixo ferroviário Beira Alta/Beira Baixa, assim como uma ligação ferroviária à Plataforma Logística da Guarda, aproveitando a confluência das Linhas das Beiras (Alta e Baixa), e até uma ligação internacional pela via de Vilar Formoso, assim como a construção de via dupla entre Alfarelos e Figueira da Foz”.
“São ainda necessárias medidas que potenciem e articulem o transporte ferroviário com outros transportes públicos, o que exigiria um plano de investimentos ao nível do transporte ferroviário assim como medidas, em articulação com as autoridades de transporte, visando o aumento da oferta rodoviária, a redução dos preços dos passes sociais e a reposição de transportes retirados, garantindo desta forma o direito à mobilidade das populações”.
Lusa
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