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Paraquedista morto em combate em Angola regressa a Tondela 54 anos depois

Os restos mortais de um soldado paraquedista natural de Lobão da Beira regressaram esta quarta-feira à sua terra natal, 54 anos depois de ter sido abatido em Angola, na Guerra do Ultramar.

A transladação dos restos mortais de António da Conceição Lopes da Silva – morto em combate na zona do Úcua, a 03 de outubro de 1963 – foi tratada pela União Portuguesa de Paraquedistas, em colaboração com a Força Aérea Portuguesa e o Regimento de Paraquedistas da Brigada de Reação Rápida, do Exército Português.

Depois das cerimónias religiosas na igreja da Força Aérea Portuguesa, em Lisboa, e no Regimento de Paraquedistas, em Tancos, os restos mortais foram trazidos para o concelho de Tondela.

O Monumento Aos Combatentes do Ultramar – localizado numa das entradas para a cidade de Tondela – foi o local escolhido para prestar homenagem ao antigo paraquedista, numa cerimónia singela em que marcou presença a Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar, liderada por António Ferraz; e o presidente da Câmara de Tondela, José António Jesus.

Por fim, os restos mortais de António da Conceição Lopes da Silva seguiram para o cemitério de Lobão da Beira.

À Lusa, a filha do paraquedista e um camarada dele Isidro Esteves contaram toda a história:

O pequeno grande herói descansa por fim na sua terra natal graças a uma batalha de anos travada pela filha.

Ernestina Silva, emigrada nos Estados Unidos desde os seus 22 anos de idade e que nunca chegou a conhecer o pai, não se conformava com a realidade de que o pai tinha sido deixado por terras angolanas por falta de recursos económicos.

Naquele tempo, o Estado Português assumia os custos do transporte de Angola para Lisboa, mas tinha de ser a própria família a garantir as despesas do funeral e o transporte até à aldeia de onde era natural.

Já casada e mãe o grande objectivo ao longo dos anos foi procurá-lo para o encontrar. Conseguiu fazê-lo, com a ajuda da internet e de um álbum de memórias em jeito de homenagens acumuladas de Isidro Esteves. Foi com ajuda desse homem que Ernestina descobriu como morreu e onde foi enterrado o seu pai.

A história estava no “álbum” que Isidro Esteves, sargento paraquedista na reserva, num trabalho que ele insistia em fazer para que ninguém ficasse para trás. Lema de vida dos paraquedistas.

Isidro Esteves estava “a cinco metros dele” e com a sua persistência e documentos que atestavam as circunstâncias da morte de António Silva em combate conseguiu finalmente encontrá-lo.

Quando descobriu o camarada “perdido” entrou em contacto com a filha e a partir daí desenvolveram todos os possíveis e impossíveis para trazê-lo de volta ao país.

Angariaram dois terços da verba precisa para a exumação e transladação com a ajuda de uma agência funerária internacional e das diligências e do apoio dos paraquedistas.

 

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