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Museu do Caramulo reúne objetos e memórias do antigo sanatório para exposição

O Museu do Caramulo vai assinalar o centenário da Estância Sanatorial do Caramulo com uma exposição de objetos, registos e memórias, a inaugurar este ano e para a qual espera receber contributos, disse o diretor do Museu.

“Queremos recolher de tudo. Temos muita coisa, porque a Sociedade do Caramulo tem centenas, para não dizer milhares, de objetos desde clínicos, registos, fotografias, atas, todo o tipo de peças, mas queremos ver o que existe mais a um nível pessoal”, afirmou hoje à agência Lusa o diretor do Museu do Caramulo.

“Recordações que as pessoas tenham, sejam objetos, ou testemunhos, diretos ou indiretos, de doentes ou trabalhadores, memórias, histórias”, explicitou Salvador Patrício Gouveia, sublinhado que a iniciativa visa colocar o Caramulo no cenário principal.

“Pessoas que tenham descoberto aqui a sua vocação, pessoas que se tenham conhecido aqui e casado, pessoas que se curaram, que ficaram no Caramulo”, exemplificou, referindo que se pretende não tanto “uma história coletiva, mas mais pessoal, para mostrar o lado humano e o resultado humano” da estância sanatorial.

Trata-se de “uma grande exposição” para assinalar o centenário da Estância Sanatorial do Caramulo, sintetizou, indicando que o evento está a ser organizado em parceria com a Câmara Municipal de Tondela.

“A estância foi definidora do que é o Caramulo. Foi a maior estância da Península Ibérica dedicada ao tratamento da tuberculose pulmonar, com 2.200 camas, com mais de 20 sanatórios, muito à frente do seu tempo”, recordou o responsável.

Salvador Patrício Gouveia realçou ainda que o Caramulo “evoluiu” em função da estância, desde a “criação de redes de esgotos e de águas, de estradas” até à “criação de uma barragem hídrica” ou da “segunda Junta de Turismo do país”, situada na serra do Caramulo, concelho de Tondela, distrito de Viseu.

“Nessa altura [o Caramulo] estava muito à frente do seu tempo, até na área clínica, com muitos avanços e muitos dos médicos tentavam usar as melhores e as mais avançadas técnicas da altura”, destacou.

Assim como as vias, que “são bastante largas, porque foram feitas para criar uma distância segura, ou seja, podia estar um doente num passeio e um não doente no outro sem correr perigo”, contou, lembrando a atual pandemia — “há 100 anos o Caramulo já estava muito à frente e volta a fazer sentido hoje”.

Uma história que ficou para trás com fim da tuberculose e que o diretor do Museu considera que “merece ser recordada [no centenário da sua fundação], porque é a génese, o DNA, do Caramulo”.

A Sociedade do Caramulo foi fundada em 1920 por “Jerónimo Lacerda e outros notáveis, incluindo Egas Moniz”, frisou o responsável, recordando que “o projeto da estância” é de 1921 e o Grande Hotel, que, “no fundo, foi o primeiro sanatório”, data de 1922.

A exposição deverá ser inaugurada até ao terceiro trimestre do ano, estando prevista a recolha dos diferentes contributos até ao final de março. Para isso, basta contactar com o Museu do Caramulo, por telefone (232 861 270) ou email (estancia@museudocaramulo.pt).

Salvador Patrício Gouveia congratula-se por ver que os antigos sanatórios, que foram durante anos lares de idosos ou edifícios abandonados, “estão a ser alvo de novos projetos”, designadamente para fins turísticos.

“Ou seja, 100 anos depois, o Caramulo está a ter um terceiro arranque, porque gosto de pensar que o segundo foi o Museu do Caramulo, e que felizmente acontece em cima do centenário para uma nova vida virada para o turismo, para o lazer e para o bem-estar”, rematou.

 

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