A subida ao Pico com o labrador Cauê é o próximo desafio do campeão paralímpico Carlos Lopes, que tem como objetivos promover a autonomia das pessoas com deficiência e angariar apoios para a escola que forma cães-guia.
“Esta é uma ação simbólica que pretende promover e valorizar a autonomia a capacitação das pessoas com deficiência, e angariar fundos para a escola de cães-guia de Mortágua”, explicou Carlos Lopes, à agência Lusa.
Cauê, o labrador preto, de três anos, que irá acompanhar o antigo atleta na inédita aventura de subir ao Pico, nos Açores, foi ensinado na Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual (ABAADV), a única formadora de cães-guia em Portugal, que, como lembra Carlos Lopes, “precisa de apoios privados”.
“Trata-se de uma associação única no país, que vive com 55% de apoios estatais, e 45% de donativos privados e patrocínios de empresas, é a atenção desses que queremos captar”, afirmou Carlos Lopes, cego total, lembrando que a lista de espera para entrega de um cão “ronda os três ou quatro anos”.
O antigo velocista, detentor de quatro ouros e um bronze paralímpicos, quer que o seu projeto “contribua para que a escola possa entregar mais cães-guia, promovendo cada vez mais a autonomia e a qualidade de vida” das pessoas com deficiência visual.
Até à concretização da subida solidária ao Pico, marcada para 10 de setembro, Carlos Lopes e Cauê agendaram quatro treinos, para testar várias vertentes, um dos quais já decorreu, com a subida à Torre, na Serra da Estrela.
“O primeiro ‘teste’ foi um treino de montanha exigente numa distância de 9,5 quilómetros, com grande declive, teve cerca de 20 pessoas e correu muito bem”, afirmou Carlos Lopes, de 53 anos.
O próximo desafio, para o qual o antigo atleta espera contar com mais participantes, está marcado para 05 de junho e será na zona de Coimbra, num percurso de 10 quilómetros “acessível a pessoas com deficiência”, com partida junto à estação de comboios Coimbra B.
Para 09 de julho, está agendada outra caminhada, que coincidirá com o Arraial da ABAADV, em Mortágua, e, em meados de agosto, a serra de Sintra será o palco do último teste, antes do grande desafio.
“Na zona de Sintra, o treino será feito num percurso exigente, onde, mais do que a subida, queremos testar a descida, que é o que mais preocupa os guias que nos vão acompanhar no Pico”, explicou.
O antigo atleta, psicologo de profissão, diz que “todos os apoios conseguidos na iniciativa Subida Solidária, que tem como slogan ‘A importância do cão-guia, só não vê quem não quer'”, reverterão para a ABAADV, uma associação sem fins lucrativos fundada no ano 2000.
Carlos Lopes admite que já tinha este desafio em mente há algum tempo, mas considera que Cauê, o cão-guia que chegou à sua vida depois de ter tido duas cadelas da mesma raça, “foi o grande motor” para tomar a decisão: “Ele tem um ritmo muito elevado, ajustado às minhas características, fazemos muitas caminhadas juntos”.
“Tanto quanto sei, eu e o Cauê, nome que na língua Tupi [povos que habitavam em algumas zonas do Brasil] significa homem que gosta de ajudar os outros, vamos fazer algo inédito”, afirmou Carlos Lopes, admitindo que “o objetivo será concretizado na totalidade se forem conseguidos os apoios necessários para a escola conseguir ajudar mais e mais pessoas”.
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