As alegações do procurador do Ministério Publico depois de Pedro Dias dar o seu testemunho.
“Esta versão é incoerente e inconsistente”, afirma. “A versão do arguido esta em contradição com aquilo que foi relatado pelo guarda Ferreira, cujo testemunho esta fundamentado por provas. As declarações do arguido não põem em causa a prova produzida. Arguido não mostrou nem arrependimento nem respeito pelos familiares das vítimas”, continua.
“Quero deixar bem claro que as declarações de Ferreira são claras e têm credibilidade. Desde logo as razões para que a patrulha passasse naquele local. Os dados do GPS do carro patrulha mostram que andam às voltas. Conjugando com os telemóveis sabemos que o carro permaneceu desde as 2h36 até às 2h56. Só às 5h00 é que as comunicações voltaram. Permaneceu no local onde foi morto o Caetano. O primeiro telefonema deste militar foi às 2h49 para a GNR. O segundo foi às 2h53. Está tudo em linha com o que disse Ferreira. Às 2h54 houve outro telefonema do Caetano”, diz ainda o procurador. “Não faz sentido que tenha sido a GNR a inventar matrículas. Escuso-me de dar explicações ou fazer comentários. Obviamente o arguido tratou de tirar o corpo do Caetano para fazer crer que a morte tinha ocorrido noutro local”.
“Pedro Dias engendrou um plano para afastar as suspeitas de si”.
Ministério Público O Ministério Público continua:”O arguido conduziu o carro patrulha por caminho de terra na Serra da Lapa. O carro imobilizou-se depois de embater numa pedra. O arguido arrancou a pega do carro onde António Ferreira estava algemado, ordenou-lhe que saísse do carro e abraçasse um pinheiro ali perto. Ao faze-lo, o arguido disferiu-lhe um disparo na face. As provas físicas confirmam esta descrição relatada pelo Guarda Ferreira.”
“O Guarda Ferreira conseguiu recuperar sentidos, pedir ajuda, e indicar o sitio onde tinha sido alvejado e onde estava o carro patrulha com o corpo de Carlos Caetano. O que se veio a confirmar instantes mais tarde. Depois de realizar as manobras necessárias e desfazer-se dos dois militares, o arguido teve necessidade de se deslocar ao local onde tinha começado tudo para recuperar a carrinha”, continua o MP.
“O Luís e a Liliane terão sido abordados pelas 6h25 de acordo com imagens da estação de serviço da Quinta das Lameiras, por onde o casal passou minutos antes. O relatório balístico confirma que Luís e Liliane foram baleados pela arma de Carlos Caetano, que já tinha sido morto. A mesma arma que estava na posse do arguido e que foi abandonada na Serra da Freita. Quando o casal foi abordado, Carlos Caetano já estava morto na mala do carro e António Ferreira já tinha sido baleado na Serra da Lapa junto ao pinheiro.
“As provas mostram que Luís Pinto foi baleado na berma da estrada. O facto de terem sido encontrados dois invólucros junto aos corpos e de Luís ter sido baleado na berma da estrada levam a concluir que Liliane foi baleada no local onde os corpos foram encontrados no meio do mato O arguido depois usou o carro do casal abatido para seguir até às termas da Cavaca para recuperar a sua própria viatura que posteriormente trocou com o auxilio da Ana Cristina”, continua.
“De resto, Ana Cristina disse que o arguido estava calmo, não apresentava ferimento algum e não referiu nenhuma situação com os militares. Quando contactado pela GNR, pelo cabo Marques, agiu calmamente e apresentou uma versão alternativa que tinha criado durante a noite. Confirmou que tinha sido fiscalizado mas que depois cada um seguiu a sua vida. Se ele não quisesse encobrir os crimes tinha contado o que se passou ao cabo Marques, com quem até tinha boas relações. Mas não fez isso. Quis encobrir os crimes e despistar as autoridades. A versão do arguido é fantasiosa”.
“O arguido engendrou um plano para afastar as suspeitas de si. Disparou sobre António Ferreira com intenção de matar. Tentou ocultar vestígios, usou luvas. Tudo para tentar não deixar vestígios”, continua o MP.
“O arguido deve ser condenado a pena máxima de 25 anos de prisão” Ministério Público.
Quanto ao que aconteceu em Moldes, o Ministério Público avança: “a testemunha António Duarte afirmou que antes de entrar em casa a Dona Lídia não tinha ferimentos e quando ele próprio entrou em casa, minutos depois, ela já estava bastante ferida. A D.Lídia não pode dar hoje o seu testemunho mas relatou que Pedro Dias lhe bateu diversas vezes com a cabeça no chão. As provas físicas mostram isso mesmo”.
O Ministério Público pede que Pedro Dias seja condenado por três homicídios qualificados na forma consumada, pelo crime de homicídio qualificado na forma tentada (António Ferreira), ofensa à integridade física qualificada (Lídia), sequestro (António Ferreira, António Duarte e Lídia), roubo e posse de arma proibida.
“[Pedro Dias] foi contra a vida destas pessoas por motivos mesquinhos” Ministério Público.
“As lesões que António Ferreira sofreu não lhe permitem retomar a vida que tinha. Os atos foram muito graves.”, diz a procuradora algo emocionada.
“A morte de um ser humano é sempre uma tragédia. Mas neste caso, pelo número de vítimas e pelas próprias vítimas, todas bastante jovens, a tragédia foi ainda maior. O arguido foi contra a vida destas pessoas por motivos mesquinhos e de forma desproporcional. Luis e Liliane foram mortos apenas porque o arguido precisava do carro para continuar a fuga. Passados mais de 14 meses o arguido não revela arrependimento e mais uma vez tenta engendrar um plano para se furtar à responsabilidade dos seus atos. Sendo uma pessoa de posses nada fez para ajudar aqueles a quem tirou os filhos, tudo o que tinham.”, acrescenta o Ministério Público.
“O arguido deve ser condenado a pena máxima de 25 anos de prisão”, afirma o MP.
CM
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