Jovens coreógrafos de Portugal, Itália, Alemanha e Croácia participam em novembro, em Viseu, num festival de dança que possibilitará o intercâmbio de experiências e a ligação do mundo académico ao profissional.
Organizado pela escola de dança Lugar Presente, de Viseu, o Festival Internacional de Dança Jovem Lugar Futuro realiza-se entre 12 e 14 de novembro e vai na sua segunda edição.
Devido à pandemia de covid-19, a primeira edição foi semipresencial, mas este ano estarão em Viseu alunos das escolas Ana Maletic School of Contemporary Dance Zagreb (Croácia), da Companhia de Dança de Almada e Lugar Presente e jovens coreógrafos portugueses e estrangeiros que apresentarão as suas primeiras obras.
O diretor de produção do festival, Albino Moura, explicou aos jornalistas que foi aberta uma candidatura a nível internacional para selecionar jovens coreógrafos até aos 30 anos que propusessem uma das suas primeiras obras.
Neste âmbito, o festival apresentará “três propostas de Itália, uma da Alemanha, mas que é interpretada por uma bailarina chinesa e um bailarino francês, e duas propostas portuguesas”, que se juntam às das três escolas que também vão mostrar o seu trabalho artístico.
Albino Moura contou que, apesar das condicionantes da primeira edição do festival, este deixou sementes que levaram as propostas para participar no festival de Viseu a triplicar de um ano para o outro.
“Tivemos quase 40 propostas vindas de todo o mundo, de vários continentes, inclusivamente do continente africano”, afirmou o responsável, acrescentando que o orçamento de 56 mil euros (comparticipado em 40 mil euros pela Câmara de Viseu) limitou um pouco as participações.
O festival abre no dia 12, com “The Home of Camila”, de Giorgia Gasparetto (Itália), “Eufemia”, de Giorgia Lolli (Itália), e “Spring Awakening”, de Bruno Duarte (para a Escola da Companhia de Dança de Almada).
O dia seguinte é dedicado exclusivamente a propostas portuguesas, com “Corrente”, de Beatriz Mira e Tiago Barreiros, “Deidade”, de Mário Santos, e “Uníssono – variação de uma composição para cinco bailarinos”, de Vitor Hugo Pontes (para a escola de dança Lugar Presente).
No último dia do festival será apresentado o espetáculo “Very Tiny Litle Drop of Wax”, de Mei Chen e Iannis Brissot (Alemanha), “T.R.I.P.O.F.O.B.I.A.”, de Pablo Girolami (Itália), e “SVJETOBOLJA”, de Žak Valenta (para a Ana Maletic School of Contemporary Dance Zagreb).
Com direção artística de Leonor Keil, o festival Lugar Futuro integra ainda ‘masterclasses’ com a croata Gordana Svetopetric (técnica contemporânea e improvisação) e as portuguesas Carla Albuquerque (técnica clássica) e Matilde Barbas (técnica contemporânea) e um debate sobre “A dança do presente e o seu lugar no futuro”.
A diretora pedagógica do Lugar Presente, Ana Cristina Pereira, sublinhou a importância deste festival, que “alia uma série de vertentes fundamentais para a formação de alunos na área da dança”.
“Um dos grandes objetivos do festival é servir como uma plataforma para novos coreógrafos, para jovens que estão a começar um trabalho artístico”, explicou.
No seu entender, festival funciona também como “uma forma de incentivo, de motivação, para os jovens ainda estudantes pensarem no seu futuro” e se lançarem “na procura de outras linguagens” e no mundo da coreografia.
Albino Moura realçou que, para os alunos, é “muito importante este tipo de contactos com a realidade do mundo profissional, com artistas, com criadores, com outros intérpretes e bailarinos já profissionais, de maneira a terem a perspetiva de como é que as coisas funcionam”.
Os alunos do 12.º ano do Lugar Presente serão assistentes de produção do festival, uma espécie de “anjos dos artistas convidados e das escolas”, acompanhando-os desde que chegam a Viseu até que se vão embora, acrescentou.
A vereadora da Cultura da Câmara de Viseu, Leonor Barata, salientou “a importância deste género de atividades para o panorama artístico e pedagógico” do território de Viseu.
Na sua opinião, “os desenvolvimentos dos territórios fazem-se através de contaminações e é muito interessante perceber que numa cidade do interior há um festival de dança contemporânea jovem”.
“Em termos territoriais, [este festival] é muitíssimo importante, porque o que sai daqui é projetado para o mundo, mas o que é projetado aqui também muda este território e torna-o mais rico”, frisou Leonor Barata, que já foi professora no Lugar Presente.
Atualmente com cerca de 200 alunos, a escola de dança Lugar Presente iniciou a sua atividade em 2005, enquanto projeto educativo da Companhia Paulo Ribeiro.
Desde 2011, tem autorização de funcionamento pelo Ministério da Educação para a oferta do ensino artístico especializado de dança.
Comente este artigo