O presidente da Iniciativa Liberal (IL) acusou, em Viseu, os governos consecutivos de andarem a “brincar com as pessoas” da região de Viseu, pela falta do comboio e pelo IP3, porque há verbas, não há é vontade política.
“Quando é assumido por toda a gente, incluindo o ministro das Obras Públicas, como uma prioridade e se uma prioridade não acontece em dois, em quatro, em seis, em oito anos, então estão realmente a brincar com as pessoas”, acusou João Cotrim Figueiredo.
O líder da IL falava aos jornalistas, momentos antes de entrar no comboio turístico de Viseu, sobre questões de mobilidade, mais concretamente a falta de linha férrea na cidade onde cumpre hoje o segundo dia de mais uma Rota Liberal.
“É preciso dizer que, à semelhança do que se passa com a requalificação do IP3, estas obras que são de enorme importância para o distrito de Viseu, e para o interior de uma forma geral, não podem ficar no papel mais tempo”, acrescentou.
O também deputado lembrou que está há três anos no Parlamento e desde então vê, no Orçamento do Estado, “sempre verbas atribuídas a linhas férreas, concretamente esta ligação” que “está inscrita no PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], mas nada avança e é inconcebível”.
“É muito difícil de entender, porque as verbas (…) estão inscritas, portanto, não é, com certeza, falta de verba. A prioridade política também está lá, da boca para fora dizem que são obras bastante importantes e que têm de avançar e depois não há capacidade de realização ou a efetiva vontade política, não só a proclamada, mas a real, para fazer avançar essas obras”, sublinhou.
Neste sentido, considerou “particularmente chocante quando ao mesmo tempo foram decididas coisas muitíssimo mais gravosas para o orçamento, nomeadamente a intervenção na TAP, que pagava duas, ou três, ou quatro destas ligações ferroviárias”.
Com base no exemplo da transportadora aérea, afirmou que “não faz sentido que problemas que não competem ao Estado resolver, são resolvidos rapidamente e com enorme dispêndio de dinheiro público em benefício de populações do litoral, neste caso da TAP, que não serve as populações do interior”.
“E quando se trata de fazer uma linha férrea, que é estratégica para o país e para o desenvolvimento de Viseu, nada se passa, portanto é incompreensível e demonstra que o funcionamento da máquina do Estado, muitas vezes, não tem como a sua principal prioridade o interesse das populações”, defendeu.
João Cotrim Figueiredo referiu que “Viseu é a maior cidade da Europa que não está servida por via-férrea, quando podia, muito bem, ser um ponto de ligação entre os portos de Matosinhos e Aveiro e Espanha e daí para a Europa”.
Este responsável defendeu que a via férrea serviria não só as pessoas como “a indústria, que ao longo desta faixa do território tanto precisa” e, nesse sentido, disse que “não se compreende, especialmente quando todos os autarcas da região reconhecem que isso seria uma enorme mais-valia para o desenvolvimento económico” do interior.
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