O festival Milagre Metaleiro regressa este ano, após um interregno provocado pela pandemia, de 26 a 28 de agosto, a Pindelo dos Milagres, aldeia de São Pedro do Sul onde um em cada seis habitantes é fã de metal.
O festival, que esteve parado dois anos devido à pandemia, regressa com mais um dia de concertos e um cartaz maioritariamente internacional, numa programação que vai do hard rock ao heavy metal, com atenção a bandas com foco na melodia e harmonia e que “tragam animação”, disse à agência Lusa Marco do Vale, membro da direção do evento que organiza este ano a sua 13.ª edição.
Por Pindelo dos Milagres, aldeia com cerca de 600 habitantes, vão passar nomes como os finlandeses Ensiferum e Finntroll, ambos do folk metal, os alemães Rage e Iron Savior, os suecos Bloodhound e H.E.A.T. e os espanhóis Zenobia, num cartaz que conta ainda com a banda Wolf Hart, da Finlândia, que se estreia em solo nacional.
“Apostamos sobretudo em nomes que não vêm a Portugal há muito tempo, mas também temos várias estreias”, realçou Marco do Vale.
Se, em 2019, o Milagre Metaleiro acolheu 6.000 pessoas, o objetivo para este ano passa por “pelo menos manter o número” para sustentar o crescimento de um festival que tem aumentado de ano para ano e que já conta com cerca de 20 a 25% de público estrangeiro.
“Começou como uma brincadeira em 2008, um capricho de pessoas daqui da aldeia. Entretanto, viu-se que tinha pernas para andar e, a partir de 2015, começou a ter projeção. Em 2017, já passámos a ter público de fora do país”, contou Marco do Vale, um dos ‘culpados’ pelo gosto daquela aldeia pelo heavy metal e hard rock.
Nos anos 80, eram apenas quatro os fãs daqueles géneros musicais: o Marco, o seu irmão e dois primos.
“Era a época dourada do ‘glam rock’ e do hard rock, com os Scorpions, os Europe e nós não ficámos pelos videoclips da televisão. Comprávamos uns disco de vinil, organizávamo-nos para não comprarmos discos repetidos e criou-se uma enorme paixão pelo género e começámos a gravar umas cassetes”, recordou.
As cassetes, que eram uma espécie de compilações caseiras, começaram a passar de mão em mão pelos jovens da aldeia e, nos anos 90, já eram “umas 50 pessoas” em Pindelo dos Milagres dentro do género.
“Fizemos uma espécie de evangelização. Hoje, nós estamos a chegar aos 50 anos e há pessoal mais velho que aderiu posteriormente, através de nós e dos nossos discípulos. Hoje, no festival, tanto temos pessoas de 70 ou 80 anos, como miúdos com menos de dez anos”, salientou.
Nesta aldeia, “a malta mais velha” foi sempre um pilar fundamental do festival, apoiando desde início a organização do evento, que chegou a contar com a ajuda da comissão de festas, realçou.
Em todas as famílias da aldeia, “há uma ou duas pessoas ligadas ao movimento”, salientou.
“Não lhes choca [o tipo de música], porque vivem há 30 ou 40 anos com a sonoridade em casa ou na casa do vizinho”, explicou.
Hoje, em 600 habitantes (no verão, no inverno serão uns 400), “100 são do rock e do metal”.
“Costumo dizer que somos a aldeia do mundo com mais metaleiros. 17% da população é do movimento”, vincou.
O festival ergue-se e acontece com a ajuda de todos os sócios da associação Milagre Metaleiro, que não recebem “qualquer pagamento”.
“Nós todos temos profissões e fazemos isto ‘pro bono’ e fazemo-lo com gosto e com um sorriso nos lábios”, realçou Marco do Vale, referindo que aquela localidade do distrito de Viseu “era uma aldeia fantasma, que não era conhecida em lado nenhum” e agora facilmente se descobre face ao festival.
Os bilhetes para o Milagre Metaleiro estão à venda na plataforma Bol, tendo um custo de 25 euros para os três dias até à véspera do festival, e 30 euros nos dias do festival.
O acesso ao campismo é gratuito.
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