O Centro Interpretativo do Balneário Romano das Termas de São Pedro do Sul abriu hoje oficialmente as portas, assinalando o fim de uma obra que custou mais de 1,8 milhões de euros e que passou por vários imprevistos.
O presidente da Câmara de São Pedro do Sul, Vítor Figueiredo, disse que só passados quase quatro anos após a inauguração do edifício do balneário romano é que houve “condições para a sua musealização”.
Segundo Vítor Figueiredo, depois da inauguração em agosto de 2019, houve uma cheia no Rio Vouga como já não se registava há mais de 80 anos e “que danificou grande parte do edifício”, tendo-se depois seguido o período de pandemia de covid-19.
O secretário de Estado da Administração Local, Carlos Miguel, lembrou que o balneário começou a ser utilizado há dois mil anos, num local que é atualmente “o maior centro termal do país e um dos maiores polos turísticos do país”, no distrito de Viseu.
“Esta é uma memória coletiva que importa preservar, de São Pedro do Sul e do país. E, por isso, este trabalho que aqui foi feito, com todo o custo, com toda a demora e com todas as dificuldades, deve ser elogiado pelo Governo”, afirmou Carlos Miguel, realçando a importância das câmaras municipais na “preservação da cultura e do património”.
Esta obra contou com uma comparticipação de 85% do Centro 2020, de 7,5% da Direção Regional da Cultura do Centro e de 7,5% da Câmara Municipal de São Pedro do Sul.
A diretora Regional de Cultura do Centro, Suzana Menezes, admitiu que o processo que permitiu chegar à abertura do Centro Interpretativo do Balneário Romano das Termas de São Pedro do Sul “esteve longe de ser fácil”.
“Esteve longe de ser fácil na reflexão exigida e nos avanços e recuos que são necessários quando trabalhamos a fragilidade de peças e pedras com este tempo todo que nos antecede”, referiu.
Suzana Menezes elogiou o esforço feito pelo município de São Pedro do Sul “para recuperar este património com a dignidade que ele merece”.
“Todos nós hoje somos herdeiros destas pedras e, por isso, somos naturalmente responsáveis por elas: pela sua proteção, pela sua conservação e, sobretudo, por entregá-las à geração futura”, defendeu.
O técnico do município Nuno Oliveira explicou que o balneário foi fundado no século I depois de Cristo, “teve uma grande ampliação e requalificação no século II e ainda continuava em atividade no século IV”, tendo depois “a fama e a excelência das águas medicinais” atraído a monarquia portuguesa.
Segundo Nuno Oliveira, o rei D. Afonso Henriques “procurou nestas águas alívio para um ferimento que sofreu na perna durante a batalha de Badajoz”, o rei D. Manuel I “mandou transformar completamente os edifícios romanos e medievais para o Real Hospital das Caldas de Lafões” e a rainha D. Amélia usou o espaço para tratamentos ao longo de quatro temporadas.
Ao longo dos séculos “aconteceram obras de ampliação, de reabilitação”, contou Nuno Oliveira, explicando que, no século XX, o espaço “perdeu a sua função medicinal” e funcionou como escola primária, depósito e arrecadação de materiais, café e capela.
O espaço começou a ser estudado arqueologicamente nos anos 50 do século XX. Em 1995, quando este monumento nacional já estava “fechado e a degradar-se, sofreu uma violentíssima derrocada na fachada virada ao rio” devido a uma cheia e “ficou quase 30 anos votado ao abandono”, sendo visível “um cenário de ruína, com pedras espalhadas por todo o lado, mato, lixo e vegetação a invadir a área arqueológica”, acrescentou.
O técnico frisou que, “agora, é um lugar de cultura, para o património, para o turismo, para a educação e a ciência”, com informação e equipamento multimédia para “dar a conhecer a história de uma maneira cativante”.
Lusa
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