O presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, pediu uma reunião urgente ao ministro das Infraestruturas para resolver o impasse relativo à ligação rodoviária ao Sátão, por considerar que as exigências feitas são inadmissíveis.
Durante a reunião da Assembleia Municipal de hoje, o deputado Pedro Alves (PSD) perguntou a Almeida Henriques em que fase se encontra esta obra.
“Não conhecemos projetos, não há um calendário definido, estamos nisto desde 2015”, afirmou o deputado social-democrata.
Almeida Henriques respondeu que, da parte das duas autarquias que têm estado a negociar com a Infraestruturas de Portugal, está “tudo tratado”, tendo a de Viseu se disponibilizado a comparticipar com um milhão de euros e a do Sátão com 200 mil euros.
“Estamos ansiosamente à espera que seja assinado o contrato. A Infraestruturas de Portugal continua a dizer-nos que não assina o contrato se nós não entrarmos com 1,8 milhões de euros”, contou.
O autarca social-democrata lamentou que o Governo, numa obra que é da sua responsabilidade, esteja a querer “que a Câmara de Viseu e a do Sátão façam ainda mais um esforço de 600 mil euros”.
“Não me parece admissível. Ainda esta semana mandei um ‘email’ ao senhor ministro das Infraestruturas a pedir uma reunião para, de uma vez por todas, encerrarmos este dossiê”, frisou.
Almeida Henriques lembrou que a Câmara de Viseu até “já aceitou pagar a energia todos os meses da iluminação dos nós” daquela via.
“É o Estado central sistematicamente a desresponsabilizar-se”, lamentou.
O projeto, orçado em 12,2 milhões de euros, inclui a vertente da qualificação da Estrada Nacional 229 do parque do Mundão para a frente e a variante que irá ligar o parque do Mundão ao Caçador.
Pedro Alves considerou que, nestes cinco anos, o Governo não fez “investimentos importantes ao nível da malha viária” da região, aludindo também ao Itinerário Principal (IP) 3, que liga Viseu a Coimbra.
“Ainda recentemente, por ocasião do anúncio deste orçamento suplementar, o PS veio dizer: ‘estão aqui oito milhões para o IP3’, que estavam no Orçamento do Estado”, referiu o deputado, lembrando que “o investimento naquele troço entre Mortágua e Penacova já estava previsto na Via dos Duques”.
No seu entender, “a única coisa que fizeram foi aquilo que estava previsto ser feito e que já devia estar feito”, tendo ficado “satisfeitos por lá colocarem uma pequena camada de alcatrão”.
Almeida Henriques concordou que “foi anedótico ver anunciar uma verba que já estava” prevista para o IP3.
“O trabalho que está a existir no IP3 é de qualificação de uma via, não é mais nada além disso”, criticou.
O autarca lembrou que, também no que respeita ao antigo IP5, a Câmara não tem conseguido avanços.
“Todos os dias, há seis anos consecutivos, que pedimos a desclassificação do IP5, que agora é ex-IP5, mas continua com uma série de condicionalismos que nos impedem de tudo e de mais alguma coisa”, contou.
Segundo Almeida Henriques, a autarquia está disponível para receber o antigo IP5 e para o reclassificar como estrada municipal, mas quer recebê-lo requalificado, “porque é uma vergonha o piso”.
“A própria Infraestruturas de Portugal pôs lá uma tabuleta a dizer ‘piso degradado’, o que é a maior assunção de incompetência que se pode ter”, realçou.
No entanto, o autarca não culpa o presidente da Infraestruturas de Portugal, que tem tido “um papel muito interventivo e disponível”, só que “não tem cobertura política para resolver o assunto, se não já o tinha feito”.
“Peço à bancada do PS que metam lá uma cunha a favor de Viseu ao senhor ministro das Infraestruturas”, pediu, dirigindo-se aos deputados municipais socialistas.
Comente este artigo