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Bombeiros da região de Viseu preocupados com falta de testes e de equipamentos

O vice-presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Viseu disse hoje à agência Lusa que as principais preocupações que os operacionais vivem são a falta de testes, de equipamento, de informação e ainda a falta de receitas financeiras.

“O acesso aos testes, à informação e aos EPI [equipamento de proteção individual] tem sido muito complexo. As próprias associações têm investido no equipamento com valores completamente desajustados daquilo que é a realidade, porque há uma grande especulação de preços”, contou Guilherme Almeida.

O também comandante dos Bombeiros Voluntários de Nelas acrescentou que, “neste momento, há duas situações”.

“Uma é a incerteza e outra é que os bombeiros têm de tratar todas as situações independentemente da natureza, seja trauma ou doença súbita, como suspeitas”.

Isto porque “não há informação por parte da Autoridade de Saúde Regional e isso não ajuda em nada a atividade”, uma vez que “se já antes havia dificuldade em proceder a transporte de suspeitos, porque não havia acesso depois aos resultados, neste momento não há informação absolutamente nenhuma”.

“E isso também obriga à utilização considerável de material que não temos. O material que temos em stock chega a conta-gotas e chega, muitas vezes, por mão de empresas, particulares, voluntários e movimentos que surgiram na sociedade e que se substituem ao Estado e que nos acabam por arranjar algum tipo de equipamento”, esclareceu.

A par da falta de equipamento, continuou Guilherme Almeida, está a falta da realização de testes aos operacionais das 33 corporações existentes nos 24 concelhos do distrito de Viseu, “porque, independentemente de se ter falado nos testes às forças de segurança e bombeiros, na verdade, não está a acontecer”.

“Obviamente os bombeiros estão aqui e acabam por lidar com situações de casos suspeitos e também têm as suas famílias e há aqui alguma incerteza e um menos à vontade. Não tem sido fácil”, assumiu.

Até porque “há dois corpos de bombeiros no distrito com operacionais infetados” e em ambas as corporações “estão a cumprir os procedimentos da Direção Geral da Saúde, em isolamento, e felizmente são casos que estão a ser tratados nos domicílios”.

No caso de Resende, explicou, “só se soube que têm operacionais infetados, porque o corpo de bombeiros, em parceria com o município, testou os operacionais”.

Mas “isto não é uma situação transversal no distrito, é um ou outro caso pontual, onde a autarquia agiu de forma autónoma”.

“Temos aqui operacionais todos os dias a fazerem rotatividade e contingência, mas que não são testados e não sabemos até que ponto há infetados”, adiantou o também comandante de Nelas, um concelho onde também há pessoas infetadas com a covid-19.

No entender de Guilherme Almeida, “se houver sintomas e se se manifestam é uma situação, mas não havendo sintomas e não tendo acesso aos testes e à informação não se sabe se está tudo bem ou não e isso é preocupante”.

O vice-presidente da federação dos bombeiros no distrito explicou que todos os quartéis estão com planos de contingência de forma a garantir a operacionalidade e, para isso, “o efetivo foi reduzido, assim como as pessoas dentro dos quartéis, com equipas de 24 sobre 24 horas, com rotatividade, e após isso seguem para quarentena voluntária”.

Estes são os “problemas do dia-a-dia”, porque há outro, a curto prazo, como é o caso da “saúde financeira das associações” de bombeiros, uma vez que dependem “praticamente da receita de transportes de doentes não urgentes”.

 

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