O antigo vereador da Câmara de São Pedro do Sul Adriano Azevedo negou hoje, em tribunal, ter-se apropriado de 75 mil euros que estariam num cofre do Centro de Promoção Social de Carvalhais, instituição na qual ocupou vários cargos.
Vogal, vice-presidente e tesoureiro foram as funções exercidas por Adriano Azevedo na Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), de 1990 a 25 de setembro de 2015, tendo nesta data saído por incompatibilidades com o cargo de vereador na Câmara de São Pedro do Sul.
Hoje de manhã, na primeira sessão de julgamento, Adriano Azevedo que está acusado de furto qualificado garantiu que não sabia o código do cofre, nem tinha acesso direto às chaves do local onde se encontrava, um sótão da instituição, onde funcionava o arquivo.
O arguido contou que nunca foi sozinho ao sótão, ao qual se acedia pelo exterior, e enumerou as vezes que lá esteve acompanhado: uma por causa de arrumações, outra para avaliar a possibilidade de construir um laboratório e uma terceira para ver se o arquivo podia ser ampliado.
Segundo Adriano Azevedo, só duas funcionárias da contabilidade, Márcia e Rosário, sabiam onde estava a chave do cofre e o respetivo código.
No dia em que, na companhia de Rosário, foi avaliar se o arquivo podia ser ampliado, viu o cofre e disse-lhe que estava muito à mostra e que o deveria tapar com umas pastas, contou.
No entanto, assegurou que nunca viu o dinheiro em causa, nem confirmou a quantia que estaria no cofre: “Elas (Márcia e Rosário) davam-me a informação e eu acreditava nelas”.
Os 75 mil euros que estariam no cofre eram, de acordo com o arguido, uma espécie de reserva que foi posta de lado entre 2000 e 2008, resultante da venda de uma percentagem de bebidas que eram oferecidas pelos fornecedores do festival Andanças, organizado pela associação Pé de Xumbo.
Isto porque, todos os anos, era preciso fazer muitas adaptações e obras no recinto, propriedade da paróquia de Carvalhais, e havia o receio de o Centro de Promoção Social de Carvalhais não receber o dinheiro investido da associação Pé de Xumbo se o festival não tivesse rentabilidade.
A falta do dinheiro do cofre terá sido descoberta a 09 de setembro de 2015 pelas funcionárias da contabilidade, mas Adriano Azevedo disse só ter sabido da situação muitos meses depois, em 2016.
Durante a manhã, fui ainda ouvido o padre Eurico Sousa, que apresentou queixa assim que foi para presidente do Centro de Promoção Social de Carvalhais, em julho de 2016.
Eurico Sousa disse que, antes da Páscoa de 2016, era ainda vice-presidente da instituição (cargo que assumiu a 27 de setembro de 2015), Márcia e outro funcionário, José Carlos, é que lhe contaram do desaparecimento do dinheiro.
De acordo com o seu relato, no dia 09 de setembro de 2015, Rosário foi ao sótão e apercebeu-se de que o cofre estava aberto, desceu para chamar Márcia, voltaram as duas ao local e depois comunicaram a situação a dois elementos da direção.
“Quem contou ao padre Miguel (presidente da direção) fui eu. Ele não sabia sequer da existência do cofre”, referiu, acrescentando que não haveria sinais de arrombamento.
No entanto, segundo o que lhe disseram na altura, além de Márcia e Rosário, também Adriano Azevedo tinha acesso ao cofre, porque sabia o seu código e onde estavam as chaves.
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