Em julgamento estava um crime de violência doméstica. Segundo a acusação, Lucas Nogueira agrediu o namorado, Marco Oliveira, na sequência de várias discussões relacionadas com o facto de o primeiro não querer assumir publicamente o relacionamento homossexual.
A juíza que presidiu o julgamento é, de facto, uma magistrada. E, durante a sessão, os alunos iam recebendo orientação profissional de quem trabalha no tribunal.
Apesar de o processo judicial não ser real, decorre como se fosse. Há um processo físico com um número e uma capa, uma queixa, um inquérito e uma acusação.
Perante as perguntas da juíza, Lucas Nogueira, que disse ser político, assumiu que agrediu Marco Oliveira, mas negou que tivessem um relacionamento amoroso, até porque tinha namorada e casamento marcado. Admitiu que eram amigos e que discutiam muitas vezes, mas por causa de assuntos políticos ou de futebol.
Marco Oliveira, alfaiate, contou que as discussões, os insultos e, às vezes, até chapadas, começaram logo no início do relacionamento amoroso.
As discussões surgiam devido à pressão que fazia para que assumissem publicamente a relação, o que Lucas não queria, com medo dos pais e de prejudicar a sua imagem perante o partido político, contou.
Questionado pela juíza porque não acabava com o relacionamento e apresentava queixa, Marco Oliveira admitiu que “quando uma pessoa está apaixonada”, deixa-se submeter a este tipo de situações.
“Eu gostava muito dele e não queria que a relação acabasse”, justificou.
Por várias vezes durante a sessão, o público reagiu com gargalhadas às declarações quer do arguido, quer da vítima.
Contrariamente ao que aconteceria se este fosse um julgamento real, as gargalhadas foram recebidas com benevolência pela juíza.
Este foi o primeiro de três julgamentos sobre violência no namoro que os alunos da Escola Secundária Alves Martins vão simular.
A iniciativa surgiu no âmbito de uma parceria entre o Tribunal Judicial da Comarca de Viseu, a delegação da Ordem dos Advogados de Viseu e a escola e tem como objetivo familiarizar os alunos com a prática jurídica e com um processo penal sobre um dos temas mais relevantes da atualidade.
Lusa
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