“A nossa maior preocupação é o sucesso em termos sociais, para que os alunos se sintam bem, porque é uma escola de proximidade. O nosso trabalho é um trabalho de proximidade”, frisou à agência Lusa o diretor do Agrupamento de Escolas de Vouzela e Campia, José Alberto Pereira.
O responsável contou que a escola tem melhorado “os resultados progressivamente, tem tido um crescimento sustentável”, tendo agora conseguido destacar-se graças às notas conseguidas pelos seus alunos (uma média de 13,37 valores nos 130 exames realizados), que lhe valeram a 39.ª posição no ranking.
“Para que os resultados sociais apareçam, é um incentivo que os resultados académicos também surpreendam e, neste caso em particular, penso que é o resultado de um trabalho que tem sido feito ao longo dos últimos anos”, considerou, mostrando-se convicto de que, “diariamente, toda a gente se esforça ao máximo para que os alunos tenham bons resultados”.
Segundo José Alberto Pereira, a proximidade não acontece só entre alunos e professores, envolvendo também a família e os funcionários.
Esta é “a base de todo o trabalho, associada depois a um conjunto de medidas educativas que vamos implementando”, que vão desde um modelo de autoavaliação que “ajuda a ajustar a estratégia”, até a aulas de coadjuvação em anos de exames (com dois professores) e à realização de testes intermédios em disciplinas de maior dificuldade, explicou.
Situada na Quinta das Regadas, num ambiente bucólico e a 1,5 quilómetros do centro da vila de Vouzela, esta escola tem cerca de 400 alunos, dos quais 190 do ensino secundário.
Apesar da oferta formativa limitada (Cursos de Ciências e Tecnologias e de Línguas e Humanidades, além dos cursos profissionais), são poucos os alunos da região que decidem estudar fora durante os anos do secundário.
“Não temos Artes (Visuais), não temos Ciências Socioeconómicas, o que leva a que um ou outro aluno, face às opções que tem, procure outra escola fora do concelho”, referiu.
João Santos e Vicente Correia, alunos do 12.º ano que vão este ano candidatar-se ao ensino superior, não precisaram de sair de Vouzela para completarem os três anos do secundário que lhes permitem seguir os seus sonhos.
“A minha mãe já tinha feito escola aqui, então nem coloquei essa possibilidade, sempre gostei da escola”, contou João Santos, aluno de Línguas e Humanidades que pretende candidatar-se ao curso de Direito da Universidade de Coimbra.
No ano passado, fez os exames de Filosofia e de Geografia e obteve 19 valores em ambos. Este ano, espera conseguir feito idêntico nos exames de Português e de História.
O seu otimismo alarga-se à generalidade dos colegas: “aqui os alunos são trabalhadores, vestem a camisola. Às vezes acho que é um bocadinho também pelo facto de sermos do interior, mais fechados, e termos uma vontade de nos emanciparmos. Acho que essa vontade de termos sucesso também faz de nós trabalhadores, responsáveis e estudiosos, acima de tudo”.
As expectativas de Vicente Correia também são altas. No ano passado, conseguiu 20 valores no exame de Filosofia e está convicto de que, este ano, os exames de Português e de Matemática vão “correr muito bem”.
Apesar de ser aluno de Ciências e Tecnologias, Vicente está “mais virado” para dois cursos das Humanidades, balançando entre o Direito e as Ciências Políticas.
“A universidade talvez vá ser em Coimbra ou no Porto, mas eu tenho média para qualquer uma das universidades, portanto, isso não é problema. O problema é mesmo escolher qual é [o curso] que eu quero, porque eu ainda estou muito confuso, muito indeciso”, admitiu.
Os dois alunos atribuem as suas boas notas não só ao trabalho que fazem em casa, mas também à ajuda que os professores lhes dão e que evita que tenham de recorrer a explicações fora da escola.
“Não precisamos [de explicações], porque a escola já nos garante isso naturalmente. E mesmo as aulas já são muito viradas para aquilo em que nós sentimos mais dificuldades”, contou João Santos.
“Eu aplico-me muito em casa, estudo bastante, tenho esse trabalhado árduo, mas também acho que a escola propícia isso. Os professores dão-nos sempre apoio, esclarecem-nos as dúvidas, orientam-nos e temos uma relação de grande proximidade com eles e isso ajuda também ao sucesso que temos nos exames”, considerou, por seu turno, Vicente Correia.
Aldina Santos, mãe do João, confirmou essa forte ligação que existe entre os alunos e os professores, contando que, pela forma como funciona a escola, não ficou surpresa com o lugar que obteve no ranking.
“Têm professores disponíveis para os ajudar a tirar as dúvidas que tenham e é impecável. Só posso dizer que a escola é impecável”, sublinhou.
Maria Almeida, professora de Português e de Literatura Portuguesa desde 2009 nesta escola, disse que é dada abertura aos alunos para pedirem apoio sempre que precisarem, quer ao diretor de turma, quer aos restantes professores.
“Aqui na escola, principalmente ao nível do secundário, os alunos têm uma proximidade muito grande a todos os professores. Os professores, quando sabem que há alguma dificuldade, apoiam os alunos”, frisou.
Segundo a docente, “na maioria dos casos, eles entram nas primeiras opções” da candidatura ao ensino superior, conseguindo “ir para onde querem, para onde ambicionam”.
O vice-presidente da Câmara de Vouzela, Carlos Oliveira, lembrou que a boa classificação no ranking foi conseguida ainda sob os efeitos da pandemia de covid-19 e numa altura em que a escola estava “completamente virada do avesso com obras”, no âmbito de um investimento de mais de 2,5 milhões de euros que ainda está em curso.
“Para nós, Câmara Municipal, a Educação é uma prioridade. Nunca olhamos para ela como uma despesa, mas sim como um investimento que estamos a fazer”, garantiu.
Também o vice-presidente da autarquia repetiu várias vezes a palavra proximidade: “É um trabalho de parceria, todos somos poucos para trabalhar para o mesmo lado. Este trabalho de proximidade que a escola tem com todos os alunos, toda a comunidade, todos os agentes, sejam os professores, os auxiliares ou as famílias, é fundamental”.
A poucos meses de saírem de Vouzela para correrem atrás dos seus sonhos, os dois jovens acreditam que levam consigo a “bagagem” de que precisam.
“Uma escola mais pequena, onde às vezes as coisas são mais difíceis em termos de meios, torna-nos mais desenrascados, torna-nos mais trabalhadores, e isso é muito útil especialmente para a faculdade, onde o estudo é muito mais intensivo”, afirmou João.
Lusa
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