O novo presidente da Câmara de Lamego, Francisco Lopes, vai mandar fazer uma auditoria externa ao período do último mandato que teve a presidência do socialista Ângelo Moura.
“Quero anunciar que iremos mandar realizar uma auditoria externa, por entidade independente e credível, com caráter financeiro e procedimental à ação do executivo municipal cessante, correspondente ao período entre 23 de outubro de 2017 e a presente data”, anunciou Francisco Lopes.
O novo autarca contou que, se encontrou-se com o presidente cessante, mas “não foi uma verdadeira reunião de transmissão de funções” e ficou “muito aquém dos salutares princípios da convivência democrática entre eleitos e do imperativo dever da continuidade da gestão”.
“Se outras razões não houvesse, esta falha insuficiência no processo de transições seria o bastante para justificar a realização de uma auditoria à gestão autárquica que agora termina”, justificou o autarca que já liderou a Câmara de Lamego durante três mandatos, de 2005 a 2017.
Ainda assim, Francisco Lopes disse que considera “cumprido o ritual democrático” da passagem do poder e contou que lhe foi dado a “nota verbal de alguns pequenos problemas a exigir decisão urgente”.
“Contratos nulos, mas com pagamentos efetuados; imóveis vendidos, mas sem a competente autorização da câmara municipal; serviços prestados, mas sem procedimento administrativo; obras em curso, mas sem contrato; compromissos assumidos com clubes e coletividades, mas sem qualquer formalização procedimental ou orçamental”, enumerou.
Francisco Lopes justificou assim a decisão de mandar realizar a auditoria externa, acrescentando que a lista de “pequenos problemas” que lhe foi passada era “pouca coisa para um caderno de encargos de escassos minutos”.
No discurso de tomada de posse, no Teatro Ribeiro Conceição, “contrariamente à vontade” do novo presidente que desejava assumir de novo funções no salão nobre da Câmara, Francisco Lopes dedicou parte do tempo a questionar o trabalho feito nos últimos quatro anos pelo executivo liderado por Ângelo Moura (PS) que hoje tomou posse como vereador da oposição.
O novo presidente assumiu as alterações que vai fazer na sua gestão, já a partir de segunda-feira, dia em que “as portas da câmara voltarão a estar abertas aos cidadãos” e apontou projetos onde vai mexer, como os transportes, e ainda u o novo centro de saúde que o anterior executivo deixou projetado.
“Há um novo projeto em curso que será totalmente revisto, trata-se do novo centro de saúde que apenas podemos classificar como uma aberração, sendo incompreensível que entidades competentes como a ACES [Agrupamento de Centros de Saúde], a ARS [Administração Regional de Saúde], ou a CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] sejam condescendentes com um projeto inviável”, apontou.
Isto, porque, explicou, o projeto está “realizado sobre um terreno que não é propriedade do município, que não tem capacidade construtiva nos termos do plano de urbanização de Lamego, que não cumpre as regras elementares, nomeadamente o número de lugares de estacionamento legalmente imposto e que está sub financiado em milhões de euros”.
O autarca prometeu ainda no seu mandato “particular atenção ao conhecimento, à crítica, às sugestões e aspirações” dos “homens de cultura, intelectuais, pensadores, professores, poetas, músicos, artistas e artesãos que representam a verdadeira identidade de um povo”.
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