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Três estreias e dois adiamentos no Teatro Viriato devido à covid-19

Três espetáculos estreiam-se no Teatro Viriato, de Viseu, até ao final de março, apesar das portas fechadas devido à covid-19, mas a pandemia obrigou ao adiamento de outros dois, anunciou a estrutura cultural.

Em comunicado, o Teatro Viriato refere que as suas portas físicas estão de novo encerradas, mas há vários meses que tem sido trabalhada uma “nova programação, que tem como vontade ocupar o espaço da possibilidade e repensar o futuro na companhia de artistas e públicos”.

“No momento que atravessamos, esse exercício terá de ser realizado com toda a elasticidade que o nosso músculo da imaginação permite, recorrendo a diferentes plataformas e aos diferentes palcos que já fazem parte desta nossa casa e sem recorrer à sala de espetáculos física”, explica.

Neste âmbito, o Teatro Viriato acolherá as três estreias, que foram inteiramente criadas em Viseu, nomeadamente “A fragilidade de estarmos juntos”, de Miguel Castro Caldas, António Alvarenga e Sónia Barbosa, “Aleksei ou a Fé”, de Sónia Barbosa, e “SENSO”, de Fraga.

“Estreias que, apesar do confinamento que vivemos, continuarão a ser desenvolvidas de acordo com as normas e indicações da Direção-Geral de Saúde e da Inspeção-Geral das Atividades Culturais”, garante.

Para já, o Teatro Viriato teve de adiar dois espetáculos: Dino D`Santiago (que já foi reagendado para 16 de setembro) e “The Show Must Go On”, do coreógrafo Jérôme Bel.

“Em março passado, não estávamos em sintonia com os tempos. Fomos apanhados de surpresa por uma pandemia e tentámos responder e perceber o que nos acontecia com todas as ferramentas que tínhamos. 2020 foi um desafio a vários níveis, um exercício de flexibilidade e de experimentação”, recorda a diretora artística do Teatro Viriato, Patrícia Portela.

Já o programa para este trimestre foi desenhado “tendo em conta que o tempo para a incerteza é um elemento prioritário” na agenda, acrescenta.

O programa inclui também laboratórios dramatúrgicos, como “End — Encontro Novas Dramaturgias”, com direção artística e científica Mickaël Oliveira, `palestras-performance` e oficinas para o público escolar, de que é exemplo “Medo e Feminismos”, do Teatro do Silêncio, ou “Saber e Sabores: uma dieta impossível”, de Marta Bernardes.

Haverá ainda conversas no âmbito da nova rubrica da programação “Boca Livre” e projetos além-fronteiras, como “Roteiro Digital Para a Boa Morte”, que acontecerá em São Tomé e Príncipe.

O Teatro Viriato anunciou novas parcerias, como a estabelecida com a Galeria Zé dos Bois, e novos projetos, como “Blind Book Date”, com a curadoria de Susana Cardoso, em parceria com as livrarias LeYa em Viseu/Pretexto e a Poesia Incompleta (Lisboa) e a cumplicidade dos artistas que integram a programação.

“Esta é uma iniciativa que pretende propor aos nossos públicos encontros às cegas com livros que são escolhidos pelos artistas”, explica.

Segundo Patrícia Portela, “todos os espetáculos, concertos e laboratórios podem continuar noutras plataformas, transformar-se em aulas ou em filmagens, prolongar-se no tempo, adiando as suas estreias, aumentando o tempo de pesquisa e não o compasso de espera”.

“Hoje, não podemos programar como se não houvesse pandemia, como se não acordássemos todos os dias com uma incerteza muito grande, como se quiséssemos voltar atrás a um tempo que já não é como era”, considera.

Na sua opinião, “na abertura de 2021 e em novo confinamento, o importante é aceitar a mudança, ouvir e ser ouvido, e criar espaços” que permitam agir, “conscientes, sobre essa transformação necessária e urgente”.

“Nesta fase, o Teatro Viriato será o casulo, o refúgio ou o laboratório. Se nem sempre a obra final chegar ao público, o seu trajeto e as suas ideias chegarão, para que haja sempre `feedback` e que entre o pingue pongue das conversas e diferentes tentativas possamos viver como se descobríssemos a pólvora todos os dias”, frisou.

 

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