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Espetáculo “Gabo” coloca diferenças em evidência no palco do Teatro Viriato em Viseu

As diferenças vão ser colocadas em evidência no palco do Teatro Viriato, em Viseu, por três bailarinos e uma marioneta, durante o espetáculo “Gabo”, que tem estreia marcada para dezembro.

Criado pelo grupo Dançando com a Diferença e encenado por Patrick Murys, o espetáculo tem o nome da marioneta que é manipulada pelos bailarinos e usada para despertar o público para questões como o feio e o bonito, a realidade e a ilusão.

Patrick Murys – que nunca tinha trabalhado na área da dança inclusiva, mas tem criado espetáculos motivados pela pesquisa do lugar do ator como ser total — contou à agência Lusa que a ideia inicial era ter crianças a participarem ativamente no processo de criação, o que não foi possível devido à covid-19.

“Com o coronavírus, alteraram-se muitas coisas”, referiu, acrescentando que, no entanto, se mantém a ideia de dirigir este espetáculo às crianças e aos jovens, para que possam fazer a sua análise sobre as diferenças.

Segundo o encenador, o objetivo passou por “centrar as pesquisas sobre o que é diferente, o que é belo, o que é monstruoso, e propor imagens, situações ligadas à marioneta ou momentos mais físicos para confrontar o olhar” de quem está a assistir.

Em palco, estarão Diogo Peres e João Estrela, do grupo Dançando com a Diferença, e José Pereira (mais conhecido por Zé Mágico) que, além de intérprete, está responsável pela coordenação da parte de ilusionismo do espetáculo.

“Cada criação tem as suas próprias forças e obstáculos. A maior dificuldade desta foi chegar a um terreno comum aos intérpretes”, contou Patrick Murys.

Todos os intérpretes são de Viseu. Zé Mágico foi convidado para este espetáculo, enquanto Diogo Peres e João Estrela foram escolhidos por Patrick Murys de entre mais de 20 elementos do Dançando com a Diferença.

“Se eu pudesse, ficava com todos”, frisou, acrescentando que a dança inclusiva é para si “um terreno de pesquisa que não acabou”.

Diogo Peres, de 18 anos, estagiou no Teatro Viriato na sequência de um curso profissional na área do teatro, mas não imaginava poder trabalhar com nomes como os de Patrick Murys ou de Romulus Neagu (responsável pela coreografia).

“Pensava muito: `Será que algum dia consigo alcançar este objetivo?” contou Diogo à Lusa, acrescentando que agora quer “alcançar mais e mais”.

Diogo admitiu que, quando subir ao palco no dia da estreia, em 09 de dezembro, é provável que esteja nervoso, mas garantiu que depois irá “viver o momento”.

Já João Estrela, de 25 anos, que depois de um percurso na área do desporto se apaixonou pela dança, disse que não estará nervoso, até porque “os ensaios estão a correr super bem”.

Para Zé Mágico, o grande desafio deste projeto é gerir a diferença de cada um: “Dentro da diferença de cada um encontramos a nossa igualdade”.

Criado na Madeira, o grupo Dançando com a Diferença tem, desde 2017, um núcleo em Viseu. Nos últimos anos, tem trabalhado em parceria com o Teatro Viriato num projeto que envolve escolas e instituições de apoio a deficientes.

Para o seu diretor artístico, Henrique Amoedo (que é artista residente no Teatro Viriato), o espetáculo “Gabo” surge “no ciclo normal do crescimento e do desenvolvimento do projeto”.

“O projeto teve uma fase muito próxima das instituições e das escolas, que continua a ter, mas agora muito mais com o foco artístico, da performance, do espetáculo”, explicou.

Em Viseu, o grupo é coordenado por Ricardo Meireles e conta com mais de 20 elementos. No que respeita às escolas e às instituições, envolve entre 80 e 90 pessoas, que têm aulas regulares.

O espetáculo será apresentado de 09 a 12 de dezembro, sendo que, no último dia, será exibido o documentário “Gabo, posso entrar aí?”, de Carla Augusto.

 

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