O município de São João da Pesqueira pediu ao Governo medidas para defender o setor vitivinícola da região do Douro, que está em crise devido à covid-19.
Numa posição pública subscrita pelos membros do executivo Manuel Cordeiro, presidente da autarquia e os vereadores José Luís Rodrigues e Jorge Andrade, é referido que “a situação atual e a que se avizinha para a região do Douro é de enorme gravidade e necessita de medidas estudadas.
O executivo de São João da Pesqueira diz que as medidas não podem ser “meros paliativos, como o simplista instrumento do crédito, com agravamento do endividamento, apenas ganhando tempo, com períodos de carência, juros e prazos”.
A medida é “manifestamente insuficiente, ainda que em parte, neste quadro, possa ser uma das medidas a utilizar, mas nunca isolada”, refere a tomada de posição pública do executivo camarário.
Os membros do executivo alertam para a necessidade de a região do Douro ter uma “força reivindicativa eficaz”, porque como salientam, há “outras múltiplas necessidades e pressões do eleitorado urbano, muito mais volumoso e com poder reivindicativo maior”.
“A não haver uma unida e muito significativa movimentação da região, o assunto terminará com paliativos (se for sequer o caso) e a posição de omissão de auxílio, na célebre máxima ‘deixem o mercado funcionar’, de que infelizmente alguns responsáveis políticos da região partilham, fará o seu caminho”, consideram.
Manuel Cordeiro, José Luís Rodrigues e Jorge Andrade consideram que “neste momento, a crise, na sua verdadeira dimensão, ainda é eventualmente manipulável ou discutível nas estatísticas”, no entanto, “o problema estará na vindima e pós-vindima”.
“Que interesse na compra, que quantidades, que preços? Que modos de pagamento? Como armazenar com os previsíveis excedentes? Que rendimentos permitirão fazer face aos granjeios da próxima campanha? Que quantitativos de benefício?”, questionam.
Uma vez que a Região Demarcada do Douro “produz cerca de 300 mil pipas em anos normais, sendo um terço destinado ao vinho generoso ou vinho do Porto”, perguntam também “que destino dar aos excedentes”.
“Nada fazer, significaria que os preços viessem para os valores insultuosos de que ainda há memória por ter sido recente, num negócio desigual verdadeiramente ruinoso e insultuoso. Reservar parte deste excedente para destilação (aguardente vínica, álcool) pode ser um caminho”, acrescentam.
Na sua opinião, “a garantia de preços mínimos subsidiados permitiria atenuar prejuízos, baixar as quantidades disponíveis, com reflexo nos preços”, sendo que “o Estado e a União Europeia terão sempre que abrir os cordões à bolsa subsidiando a destilação”.
“Se não houver essa decisão política, a ‘solução’ será uma ‘não solução'”, sublinham.
Outra proposta que deixam é a aplicação da receita das taxas da lavoura (10 milhões de euros acumulados) “para fazer frente a este quadro muito problemático, porque pertencem ao Douro”.
“Se não houver vontade política, enquanto o foco não for este, não vale a pena perder tempo com meros paliativos enganosos e suicidários. Aliás, tornar-se-á mais uma a acrescentar a ‘dossiers’ como a desertificação e o desinvestimento no interior, onde essa vontade política inexiste pura e simplesmente há muitos anos, sendo apenas usada ciclicamente como retórica”, acrescentam.
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