O presidente da Câmara Municipal de Viseu anunciou hoje o cancelamento da edição deste ano da Feira de São Mateus e prometeu eventos ao longo do verão espalhados pela cidade com “sabor e aroma” do certame secular.
“Em 2020, a Feira de São Mateus não se vai realizar. É uma decisão difícil, mas inevitável da nossa parte, considerando também a proibição decidida pelo Governo, do cancelamento de todos os festivais e eventos análogos até 30 de setembro”, anunciou António Almeida Henriques.
Uma decisão que, “depois de uma avaliação de um evento como este, com a relevância que tem, que é visitado por mais de um milhão de pessoas, obviamente que não haveria condições do ponto de vista sanitário para assegurar o distanciamento social”.
O anúncio foi feito pelo autarca numa videoconferência de imprensa marcada após o anúncio do primeiro-ministro de que todos os festivais estavam cancelados até ao final de setembro deste ano, por causa da pandemia da covid-19.
Almeida Henriques e o vereador da Cultura, e também diretor da Viseu Marca, entidade responsável pelo evento, Jorge Sobrado, não esconderam a “tristeza pelo cancelamento do terceiro maior evento do país”, mas prometeram que “2021 seria a melhor edição de sempre”.
“Vamos regressar em 2021 ainda com mais força, com mais tradição e ainda com mais determinação e honrando aquela que é a tradição da nossa feira franca de São Mateus”, prometeu o autarca, que disse que já está a ser trabalhado “um plano B”.
Sobre o plano B, ficou a promessa de ser apresentado o projeto em breve. Para já, os responsáveis falaram na “criação de mais de 100 eventos espalhados pela cidade ao longo do verão e a terminar a 21 de setembro”, feriado municipal e data do fim da Feria de São Mateus.
Entre os eventos prometidos poderão estar sessões de cinema em `drive-in` no recinto onde se realiza a Feira de São Mateus ou mesmo a presença de “artesãos e outros comerciantes do concelho em espaços fechados na Rua Direita”, que se situa na zona histórica da cidade.
“Estou convencido de que este plano B possa animar o centro histórico. Não deixaremos de sentir o cheiro das farturas, o sabor das enguias, mesmo sem Feira de São Mateus. Tudo isso será possível de conseguir”, disse.
Além da animação da cidade, o objetivo também passa por “minorar o efeito económico que terão alguns destes comerciantes, sobretudo alguns oriundos do concelho” de Viseu e, por isso, considerou que “com engenho e arte” será apresentado um “plano B que será extremamente importante”.
Segundo o autarca, este plano B conta com o apoio dos parceiros da Feira de São Mateus, “que se comprometeram continuar a ser, em 2021,” num certame que recebe “mais de um milhão de visitantes e gera um volume de negócios de 80 milhões de euros”.
“Temos aqui três impactos: o impacto da saudade, o segundo, na renda turística e na agenda de eventos de Viseu e também este muito relevante que é de 80 milhões de euros de volume de negócio que deixarão de se fazer pelo facto de estarmos assumir que não iremos ter Feira de São Mateus”, assumiu Almeida Henriques.
Jorge Sobrado lembrou também que o certame “tem mais de 600 anos, cria, anualmente, 300 postos de trabalho, emprega 1.000 pessoas todos os anos, junta 300 empresas e é um farol de atratividade, de motor económico, mas também de animação cultural em toda a região”.
“Viver sem a Feira de São Mateus em Viseu é como viver sem a Torre Eiffel em Paris, sem as Ramblas em Barcelona ou sem as praias no Algarve. Viseu é feira e feira é Viseu, é um slogan dos anos 40 ou 50 e, de facto, as nossas identidades estão profundamente ligadas”, considerou.
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