O Santuário de Nossa Senhora da Lapa, Concelho de Sernancelhe, vai invocar a proteção maternal da Mãe de Deus, de forma muito especial para todos os povos de língua portuguesa e, mais concretamente, para as comunidades onde o culto secular à Senhora da Lapa continua presente. A iniciativa acontecerá na quarta feira da semana pascal, dia 15 de abril, às 16 horas, e surge num momento de grande dor e sofrimento vivido em todos os continentes devido à pandemia provocada pela COVID19.
O Santuário convida portanto os devotos da Senhora da Lapa, espalhados pelos quatro cantos do mundo, a associarem-se a este momento de consagração e a acompanharem, através da sua página do Facebook https://www.facebook.com/santuariodalapa/ este momento em que simbolicamente se evoca a fé mundial em Nossa Senhora da Lapa e se realiza também uma oração à escala planetária.
De acordo com o Santuário da Lapa, que tem por tradição celebrar a Páscoa e a Semana Santa com notável sentido religioso, “na impossibilidade de nos reunirmos fisicamente no Santuário-mãe”, esta é uma forma de demonstrar a dedicação de Nossa Senhora da Lapa às causas do Mundo.
O Santuário de Nossa Senhora da Lapa é um dos mais antigos em Portugal, tem 520 anos e causa deslumbramento pela sua monumentalidade no planalto da Serra da Lapa a quase mil metros de altitude. A história da Lapa começa em 1493 com o aparecimento da imagem de Nossa Senhora debaixo de uma lapa, trazida para aquele local por religiosos que fugiam ao general mouro Al Mansor. A gruta onde a imagem foi descoberta possui uma pedra muito estreia por onde reza a tradição que todos passam, exceto quem tiver pecado grave. A lenda tomou proporções nacionais e, sem demoras, surgiram as primeiras construções naquele local.
Alguns anos mais tarde, e já sob a orientação dos jesuítas, foi construída a atual Igreja, que ficaria concluída no ano de 1635, no exato local onde a Pastorinha Joana descobriu a imagem de Nossa Senhora. Confiada à Companhia de Jesus a gestão do culto, a Lapa ganhou preponderância, correu mundo e velou pelos portugueses que embarcaram nas caravelas dos descobrimentos.
O Colégio, onde gente ilustre como o escritor Aquilino Ribeiro ingressou em 1895 para estudar gramática, latim, lógica e moral, começou a ser construído em finais do século XVI e é uma das obras maiores dos Jesuítas na Lapa, funcionando hoje como pousada do Santuário.
A preponderância da Lapa foi reconhecida também pela coroa que, em 1740 lhe conferiria o estatuto de Vila, que manteria durante 145 anos. Este santuário de Senhora da Lapa e a Catedral de Santiago de Compostela na Galiza, em tempos, chegaram a ser os dois santuários mais importantes da Península Ibérica.
De acordo com Monsenhor Arnaldo Pinto Cardoso, na sua obra “Santuário da Lapa – História e Tradição”, “os padres jesuítas fizeram ecoar o nome da Lapa não só em todas as províncias de Portugal, mas ainda em Espanha, Brasil e Índia (…) E, como levado pelo vento, o nome da Lapa chegou além-fronteiras, às terras longínquas tocadas pelos portugueses. (…) a Senhora da Lapa é invocada também pelos homens do mar, pelos emigrantes no Brasil e na Índia. No Brasil ficaram memórias importantes da Senhora da Lapa no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e em São Salvador da Baía”. De acordo com este autor, o culto a Nossa Senhora da Lapa está espalhado por vários países de língua oficial portuguesa, onde os exemplos vivos da sua presença são também as inúmeras igrejas dedicadas à Nossa Senhora da Lapa.
Atendendo à dimensão mundial do culto a Nossa Senhora da Lapa, e no momento em que todos os povos enfrentam a pandemia da Covid-19, o Santuário da Lapa assume esta iniciativa como sendo uma forma de chegar aos que mais “sofrem nesta hora” e de nos lembrarmos “de todos quantos contribuem para o alívio do seu sofrimento”.
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