Hoje deu-se a terceira sessão do julgamento de Pedro Dias. Ouvidas são 10 testemunhas, entre elas o militar Carlos Santos da GNR que ajudou o colega António Ferreira quando lhe bateu à porta ensanguentado. Foi ele o primeiro a ser ouvido.
Eram 07h15 do dia 11 de Outubro quando António Ferreira lhe apareceu à frente. A mulher do cabo Carlos Santos tinha acabado de sair e quando ouviu a campainha da porta a tocar julgava que ela tinha voltado para trás por se ter esquecido de algo. Quando abriu a porta deparou-se com o colega Ferreira a dizer-lhe “Santos, levei um tiro na cabeça, o Caetano está morto, ajuda-me”. De casaco na mão, com uma camisola enrolada à cabeça, a cara inchada, a cuspir sangue da boca e com o peito esfolado.
Carlos Santos foi de imediato buscar o telemóvel para chamar os Bombeiros e ligar ao 112, enquanto ia pedindo a António Ferreira para falar e manter-se acordado.
Depois disso, decidiu ligar ao comandante do posto para explicar o que estava a presenciar. Ferreira a muito custo ia dizendo: “Ele tinha uma arma, fiz tudo o que ele mandava, não pude fazer nada”. Santos tentava acalmá-lo na esperança que Caetano pudesse estar apenas ferido. Ferreira negava sempre. A morte estava certa.
O comandante Jorge Leitão localizou a viatura onde Caetano estava para o socorrer e depois dirigiu-se até ao hotel em construção, onde tudo se deu. Lá, só encontrou sangue e um invólucro.
O militar baleado não sabia onde estava o carro que levava consigo Carlos Caetano. Só se lembrava que seria na mata perto da casa. Depois de ser levado na ambulância, o cabo Santos tentou dirigir-se ao local mas lá chegado nada encontrou.
Mais tarde, o veículo acabou ser localizado junto da A229 com o corpo de Caetano na bagageira.
Foi Santos que ficou com a terrível tarefa de dar a notícia aos familiares do militar assassinado. Depois disso, percorreu o local onde Ferreira tinha sido baleado. Encontrou uma poça de sangue debaixo do pinheiro e ao redor ramagens partidas. Percorreu de seguida, com a ajuda das pingas de sangue deixadas pelo Ferreira, o trajecto que levou para pedir auxílio. Um trajecto que demonstrava claramente que tinha andado meio perdido.
O militar Santos descreveu os dois camaradas, com quem trabalhava há quatro anos, como amigos, calmos, serenos e sossegadas que “gostavam de levar as pessoas a bem em vez de serem mais assertivos”. Caetano adorava jogar à bola e era bem visto na sociedade.
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